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Bares de Campinas testam opções para substituir canudos de plástico

Comerciantes encontraram alternativas mais sustentáveis para o utensílio na hora dos drinks.

A discussão sobre o descarte de canudos de plástico na natureza e a proibição da circulação deles em algumas cidades brasileiras estimulou bares e restaurantes de Campinas (SP) a buscarem alternativas mais ecológicas. Entre os materiais escolhidos para a substituição estão os canudos feitos de papel, metal e até de macarrão. Desde setembro deste ano, um pub localizado no bairro Cambuí decidiu retirar o utensílio das vistas dos clientes. Agora, só disponibilizam o produto a àqueles que pedem. Além disso, adotaram a versão feita de papel, que é biodegradável. Antes de encontrarem o papel, outros materiais foram cotados, como o metal, mas de acordo com Chiaramonte, eles descobriram que os canudinhos de papel seriam mais práticos. “Tem que começar devagarinho para se conseguir implementar uma grande ideia como essa”, completa.

O preço dos canudos biodegradáveis é mais elevado do que os de plástico, mas o comerciante pontua que “vale a pena”. Cortar o desperdício e restringir o utensílio também fez diferença no fechamento das contas do bar, segundo ele. De 5 mil canudos utilizados por mês, o pub passou a gastar entre 200 ou 300 unidades, em média.

Canudos de Macarrão

Foi pensando em inovar e surpreender os clientes que Priscila Sigolo Germano e Robson Franco Ramos, sócios de uma cervejaria localizada na região do Taquaral, aderiram ao uso dos canudos de macarrão. A troca é recente, desde a quinta-feira (11). Há um mês sem colocar canudos de plástico nos drinks, perceberam que precisavam de uma alternativa. Ainda segundo eles, além de terem que filtrar a caipirinha, os clientes gostam de ‘pescar’ as frutas no fundo do copo. Eles revelam que a ideia veio por meio de uma amiga moradora de Ubatuba (SP), que já havia visto o uso do macarrão em um estabelecimento do litoral Norte. Além de uma inovação, o uso do alimento como o canudo possibilita que o custo não seja repassado para o cliente. O macarrão utilizado é do tipo “penne”, mas de acordo com Priscila e Ramos, ele precisa ser diferenciado, com um comprimento maior do que o usado normalmente. Priscila ressalta que, por se tratar do alimento cru, não há influência no sabor da bebida.

Adaptação

Os comericantes ouvidos pelo G1 concordam que tirar o canudo do acesso direto dos clientes causou estranhamento no começo, por uma questão cultural. Desta forma, um trabalho de conscientização precisou ser feito nos dois estabecimentos. Na cervejaria a situação não é muito diferente. De acordo com os sócios, quando explicam a razão pelos canudos serem de macarrão tem sempre aquele cliente que ‘ abraça a ideia’, mas também os que não gostam muito.

Canudos de plásticos ‘somem’ no Rio

No Rio, o uso dos canudinhos de plástico é proibido desde julho e a busca por alternativas aqueceu o mercado de sustentáveis. Já em Santos, a lei que proíbe o uso em bares, restaurantes, hotéis e pensões passa a valer em 2019. A multa para estabelecimentos que desrespeitarem a nova regra vai variar de R$ 500 a R$ 1 mil. Em Guarujá, a prefeitura sancionou a proibição em 31 de agosto desse ano.

‘Contágio do bem’

Antes mesmo da onda ecológica atingir Campinas, a jornalista Elizabete Morais Delfino começou a levar seus próprios canudos para os lugares. Ela conta que apesar “de não ser super engajada” sempre foi o tipo de pessoa que leva sacolas de pano ao supermercado, prefere os copos de vidro aos de plástico, além de sair sempre com uma toalha de mão.

Metal não agradou

A primeira tentativa dela foi com o canudo de metal, que comprou no começo de 2018. Para ela, o material influencia no sabor do conteúdo, por isso, resolveu testar um de bambu, posteriormente, ao qual se adaptou melhor. “Algumas pessoas não acham higiênico, mas não ligo”. A jornalista conta que influenciou o marido e outras pessoas com quem convive. Os colegas do local onde voluntaria, por exemplo, têm preferido levar embalagens, potes e utensílios de casa ao usar de materiais descartáveis.

Apesar de a subtituição dos canudos de plástico não ser uma medida obrigatória no estado de São Paulo, outras iniciativas neste sentido vêm sendo tomadas na região. A adolescente Maria Pennachin, de 16 anos, por exemplo, desenvolveu um canudo biodegradável à base de inhame no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, em Campinas (SP). A proposta deu tão certo que a aluna vai apresentá-la em uma feira internacional em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, em setembro de 2019.

O outro lado

Apesar de benéfica ao meio ambiente, a restrição dos canudos de plástico podem afetar a vida de pessoas com dificuldade de levantar copos ou ingerir alimentos. Principalmente aquelas pessoas com algum tipo de deficiência. Em julho deste ano, a postagem de uma blogueira de Campinas (SP), inflamou o debate. Marina Batista Francisco tem uma deficiência física que a impede de ingerir bebidas diretamente no copo. Em entrevista ao G1, ela declarou válida a ideia de diminuir o uso do canudo por causas ambientais, mas afirmou que é necessário pensar também que, para muitas pessoas com deficiência, ele ainda é a melhor solução, já que, por conta da flexibilidade, o plástico é a melhor opção para pessoas com deficiência até o momento.

Fonte: G1